CONTOS DE HORROR HORROROSO APRESENTAM:
OS VISITANTES INTERDIMENSIONAIS.
Na
praia de Traquinhas, três visitantes interdimensionais
estão se dirigindo para a cidade de Florianópolis, embora
não saibam disso.
O primeiro deles era Anne, uma mulher idosa, trajada com o que aqui nesta
dimensão seriam consideradas roupas femininas do início
do século XX. Entre assombrada e apreensiva, ela olhava para
todos os lados, procurando entender o admirável mundo novo em
que se encontrava. Sua filmadora, embora com um design vitoriano, era
bem mais sofisticada do que qualquer equivalente atual nesta
dimensão, e ela ficava filmando tudo, provavelmente para
posterior relato.
O segundo parecia alguém vestido em trajes futuristas, e
tinha um jeito estranho, mas amigável. De certa forma, ele
parecia saído de um episódio de "Jornada nas Estrelas",
mas com roupas futuristas de 1960: prateadas, de certa forma
metálicas, com junturas no uniforme.
A terceira pessoa era um sujeito alto, de orelhas pontudas, mas com um
vestuário algo vitoriano, e maneiras tão empoladas quanto.
Enquanto eles andavam na estrada, viam os estranhos
veículos que cruzavam uma estrada que parecia já ter
visto dias melhores.
- Hmmm... - diz Anne - aqui parece o Sul do Brasil. Eu já estive aqui, mas na minha própria dimensão.
- Parece lá em casa - diz o hippie futurista. - Mas tá diferente...
- Parece que nenhum de nós pertence a esta dimensão - diz
o terceiro. - Mas, falando francamente, qual é mesmo a sua
profissão, senhora?
- Eu não disse. - disse a velha senhora. - Porém,
já que você quer saber, sou repórter investigativa.
E continuou:
- Houve um caso no Japão, por volta dos anos 1950, de um
homem que, depois de ter sido dado como perdido por um dia inteiro,
simplesmente se materializou dentro de um apartamento na frente de um
casal, sem mais nem menos. E, quando apareceu, disse ter
estado numa outra dimensão, onde Taured não existia...
- Taured?
- O país dele. É um país do meu mundo, bem pequeno. Não sei se existe um equivalente aqui...
- Tá. Um homem de Taured, seja lá onde isso for. E...
- Neste mesmo lugar, mas na minha própria dimensão,
começaram a surgir cadáveres desconhecidos, de gente que,
até onde se saiba, jamais havia existido.
- Do tipo que tinham cédulas de identidade dos mais absurdos e inexistentes lugares?
- Sim. Para não falar dos membros retorcidos... Como sabe disso tudo?
- Bom, eu estou aqui pelos mesmos motivos que a Senhora. Uma história parecida.
- Hmmm... Então somos dois. Ou seríamos três?
- Bom, eu vim aqui para pegar
a minha mulher; daí, acabei aqui, seja lá onde aqui for -
respondeu o que parecia um hippie futurista.
- Eu vinha a esta praia na minha dimensão, quando eu era mais
nova - 23 ou 24 anos, eu acho. Se eu não me engano, é
perto da cidade de Florianópolis - presumindo que haja uma
versão de Florianópolis por aqui.
- Ao mesmo o clima parece o mesmo - disse o hippie espacial.
- Verdade. - Disse Anne. - De qualquer maneira, estamos quase chegando.
E era verdade: estavam quase chegando à cidade de Florianópolis.