Você colhe o que você planta.



A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz.
Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras:
Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento?
Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.
Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a minha mão e não houve quem desse atenção,
Antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão,
Também de minha parte eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo o vosso temor.
Vindo o vosso temor como a assolação, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia.
Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão.
Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor:
Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão.
Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos.
Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá.
Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.
Provérbios 1:20-33

Quanta gente já assistiu aquele filme "the Watchmen?"

Um mundo que apresenta super-heróis como se eles existissem "de verdade", consertando o mundo à força, até que um deles, o sr. Ozymandias, justamente o que era considerado o melhor e o mais elegante dos heróis, em nome de defesa de todas as boas e nobres causas, se revela de repente o pior bandido da história, acabando com parte da Humanidade em troca de uma "paz mundial" que, no final do gibi, se revela ilusória?

Existe na própria Bíblia um poema que fala disso:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

(1 Coríntios 13)

Esse é um ponto que muita gente não entende: pessoas valem mais do que causas, não importa o quão nobre a sua causa seja.

Vivemos num mundo em que os amigos cobram da gente que a gente siga a ideologia deles, e a gente, para não perder os amigos e se desenturmar, simplesmente segue, sem pensar se estamos, de fato, seguindo o que é certo ou justo.

Todavia, é melhor, se for o caso, andar sozinho a seguir o rebanho, não importando se a boiada é de Direita ou de Esquerda.

A História da Humanidade diz que não é bom seguir a boiada, não é bom ser boi.

Temos como exemplo das consequências desastrosas de "seguir a própria turma" o Nazismo, por exemplo.

É difícil para muita gente entender como é que um povo fino e culto como os alemães se deixou seduzir pelas palavras de Hitler e inventou o assassinato industrial, na forma de Campos de Concentração.

É simples: o Nazismo vinha prometendo mundos e fundos à Alemanha, e os alemães escolheram acreditar, seguindo mais os temores e enganos do próprio coração do que uma reflexão cuidadosa sobre o que Hitler estava realmente propondo.

Se você tentasse ser um "isentão" na época do Nazismo, ficava sem turma, e a pressão para seguir os caminhos da própria turma era muito grande - o caminho mais fácil seria ceder de vez.

Para ser honesto, houve alguns poucos alemães que preferiram seguir as próprias consciências a se enturmarem: Dietrich Bonhoeffer, Corrie ten Boom e mais uns poucos gatos pingados, mas a maioria dos alemães queria deixar de pensar por conta própria e seguir o "Salvador da Pátria", o sr. Adolf Hitler, vulgo Fuhrer.

Era mais fácil seguir o que os próprios amigos estavam seguindo a pensar se aquilo que parecia bom era realmente um bom caminho.

O resultado? Bom, milhões de pessoas foram assassinadas em escala industrial apenas porque não eram muito populares entre os seguidores do Nazismo...

Ninguém desconfiava de Hitler porque ele fazia de tudo para ser um "bom moço"; ecologista, vegetariano, anti-tabagista, e por aí vai.

Apoiava todas as "causas nobres", contanto que tivesse o apoio da população para usar o poder como bem entendesse, sem se preocupar se era certo ou errado.

E a boiada alemã ia atrás...

Os alemães poderiam ter escolhido o caminho mais difícil e pensado sobre as consequências de seguir um demagogo como Hitler, mas preferiram seguir o próprio coração e seguir a Hitler, que prometia exatamente o que eles queriam ouvir: acabar com a "galera inimiga" (no caso da Alemanha, os judeus), se vingar sem remorsos dos países que humilharam a Alemanha, etc.

E o que isso tem a ver com os dias de hoje?

Você também pode ser pressionado pelos amigos a escolher apoiar as causas que eles apóiam.

E, porque você não quer ficar desenturmado, você vai se sentir tentado a ceder, apenas porque são seus amigos.

Só que, se você seguir uma causa que diz que você tem de rejeitar ou pisar no próximo em nome da própria causa, você vai acabar se estrepando junto com eles.

E, se deixarem de ser seus amigos só porque você pensa com a própria cabeça,  eles não querem ter amigos, querem ter gente que diga amém a tudo o que eles querem ouvir: na verdade, preferem doutrinar os outros a pensar eles mesmos por conta própria, e você está bem melhor sem gente assim na sua vida.

Você vai ouvir vários "cantos de sereia", todos com promessas um tanto vagas: uns dizem que querem salvar o Brasil, outros vão dizer que tentam salvar a nação, e outros vão usar para te atrair a eles causas que são realmente nobres, como o combate ao preconceito, o auxílio ao próximo, um país mais igualitário, etc., para que o seu ego sinta-se tentado a ser um "herói", "paladino", ou coisa do gênero.

Todavia, quando isso acontecer, lembre-se bem disso:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

Por mais nobre que seja uma causa, se ela leva, de alguma maneira, ao ódio ao próximo, é melhor ficar longe dela.

Se, para pertencer a uma turminha, não importa quão nobre a proposta pareça ser, você tiver de rejeitar outras pessoas, é melhor ficar desenturmado mesmo.

Quando você perceber que o chefe da tua turma prega o ódio ou a rejeição a quem quer que seja, não importa quem, a coisa esperta a fazer é se afastar.

E se você perceber que a turminha à qual você pertence é corrupta, ou que só se importa consigo mesma, o melhor é se afastar.

São princípios universais, que se aplicam tanto a partidos políticos, não importa se de Direita ou de Esquerda, como também a igrejas mesmo, e também a qualquer grupo que diga lutar por alguma "causa nobre": se você precisar rejeitar o próximo ou prejudicar os outros para ser aceito, é melhor não tomar parte nisso.

É um caminho duro de seguir no início, mas vai evitar que você tenha problemas no futuro.

Antes de decidir seguir algum grupo que diga lutar por causas nobres (igrejas, partidos polítcos, ONGs, etc), verifique primeiro se você vai ter de lesar e/ou excluir o próximo, não importa quem o próximo seja.

Se você sentir cheiro de "o fim justifica os meios", por mais bonito e simpático que o grupo te pareça, é melhor saltar fora.

Melhor ser independente e ter a consciência em paz a se arrepender depois por ter ido pela cabeça dos amigos.

Lembre-se: se o alemão tivesse escolhido pensar antes de seguir aquele homem com bigode de Charles Chaplin, não teria de se arrepender dos próprios atos depois.

Tome cuidado com toda causa que diz "somos nós ou eles".

Que caminho você vai escolher?


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